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Os cães de gado têm sido utilizados pelos pastores durante centenas de anos e fazem parte do sistema tradicional de pastoreio utilizado em Portugal.

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Encontros com cães

Os cães de gado são elementos integrantes das nossas paisagens rurais e de montanha, tradicionalmente selecionados e usados para proteger os animais domésticos dos ataques de predadores, como o lobo. Com o incremento do desporto e do turismo na Natureza tende a aumentar a probabilidade de encontros com estes cães, que diariamente acompanham os rebanhos e as manadas durante o pastoreio. Por forma a respeitar o seu comportamento e trabalho e a sua importante função, há uma série de normas básicas de conduta que devem ser tomadas, para que qualquer encontro com o gado e seus cães ocorra pacificamente.

Lembre-se que, desde sempre, o gado pasta todos os dias na serra e que os cães apenas fazem o seu trabalho, protegendo-o contra eventuais perigos, como sejam ataques de predadores. O respeito da forma de trabalhar dos cães de gado permite evitar incidentes desnecessários e facilitar a sua importante função.

Normas básicas de conduta

  • Mantenha uma distância de segurança;
  • Não perturbe e respeite os animais;
  • Não ameace ou atire objetos, nem alimente os cães;
  • Não corra e se estiver a caminhar diminua o ritmo;
  • Se circular de bicicleta, desça e leve-a à mão;
  • Evite passear com os seus animais de companhia; se o fizer mantenha-os à trela;
  • Em caso de dúvida ou se tiver receio, contorne o rebanho ou retroceda.
    simbolos

Conheça melhor estes cães e saiba mais sobre:

Ajude a divulgar o importante trabalho dos cães de gado e a forma como nos devemos comportar na sua presença, descarregando alguns materiais elaborados em colaboração com a ACHLI – Associação de Conservação do Habitat do Lobo Ibérico:

Folheto – Cães de Gado protegem os rebanhos e as manadas que pastam na serra
Póster – Cães de Gado protegem os rebanhos e as manadas que pastam na serra

Os encontros com estes cães ocorrem cada vez com mais frequência um pouco por toda a Europa; veja um vídeo sobre este assunto, filmado nas montanhas da Suíça e realizado pela AGRIDEA – Associação Suíça para o Desenvolvimento da Agricultura e das Áreas Rurais: https://www.youtube.com/watch?v=PndPqCN865g

 CSE4 AUTOR GrupoLobo

 

Cães de gado protegem os rebanhos e as manadas que pastam na serra

A presença de cães de gado é essencial para proteger os rebanhos e as manadas que pastam na serra, permitindo reduzir os ataques de predadores, não apenas do lobo, mas também de cães vadios ou raposas. O uso destes cães faz parte do sistema tradicional de proteção do gado usado em toda a região Mediterrânica, e também em Portugal, onde existem quatro raças reconhecidas: Cão de Castro Laboreiro, Cão da Serra da Estrela, Rafeiro do Alentejo e Cão de Gado Transmontano. Trata-se de cães de grande porte que foram selecionados durante milhares de anos para essa função muito especifica, pelo que são uma parte importante do nosso património natural e cultural, há milhares de anos.

CSE2 AUTOR GrupoLobo

 

Cães com uma função importante, contribuem para a coexistência com o lobo e conservação da biodiversidade

No âmbito dos esforços de conservação da biodiversidade, nomeadamente do lobo-ibérico, os cães de gado têm uma função muito importante, pois facilitam a coexistência da pastorícia extensiva com a presença do lobo, permitindo diminuir a perseguição a este predador ameaçado, bem como a caça ilegal e o uso de venenos que ameaçam não só o lobo, mas muitas outras espécies (por ex.: aves de rapina, ungulados silvestres).
Permitem ainda a manutenção da pastorícia nas zonas rurais e de montanha, que tem um papel muito importante na manutenção da paisagem e da biodiversidade, e ainda na gestão de combustível (redução das zonas de vegetação arbustiva). Há também a considerar a importância na conservação das nossas raças autóctones de gado.

CSE3 AUTOR GrupoLobo

 

Compreender e respeitar o trabalho dos cães de gado

Estes cães não são um perigo para as pessoas, mas podem ser intimidantes. Eles trabalham de forma independente e protegem instintivamente o seu rebanho ou manada contra estranhos. Eles fazem parte do rebanho ou manada que protegem de dia ou de noite. São particularmente atentos e reativos quando há menos luminosidade e à noite, e quando o gado está em movimento.
Qualquer caminhante que se aproxime será olhado com desconfiança por estes cães e a sua primeira reação será tentar mantê-lo tão longe quanto possível do gado. Cães estranhos podem provocar uma forte reação de defesa nos cães de proteção do gado. Por isso, ao caminhar em zonas com rebanhos ou manadas protegidos não deve fazer-se acompanhar dos seus cães de companhia.

CSE1 AUTOR GrupoLobo

 

Como se comportar na presença destes cães

Quando se aproximar de um rebanho ou manada vigiado por cães de gado siga as recomendações a seguir:

  1. Não perturbe os animais e evite surpreender e assustar os cães de gado. Se não localizar os cães no rebanho ou manada, sinalize a sua presença falando alto. Mantenha-se calmo e evite movimentos bruscos, Ameaçar o cão agitando um bastão no ar e gritando, será entendido como uma ameaça. Nunca tente afagar ou alimentar os cães.
  2. Mantenha a sua distância do rebanho ou manada. Depois dos cães aceitarem a sua presença e pararem de ladrar, pode continuar o seu caminho tranquilamente.
  3. Se os cães de proteção ladrarem, correrem na sua direção e lhe barrarem o caminho, mantenha a calma e dê tempo para que eles possam avaliar a situação. Caso seja necessário, os bastões podem ajudar a manter os cães longe, mantendo-os inclinados para o chão na direção dos cães.
  4. Se se sentir ameaçado por um cão de proteção do gado, evite olhá-lo nos olhos e nunca lhe vire as costas. Afaste-se lentamente para trás e baixe quaisquer paus ou varas que tenha consigo. Quando estiver suficientemente longe do rebanho ou manada, os cães vão deixá-lo tranquilo. Contorne então o rebanho ou manada ou retroceda.
  5. Se os cães de proteção do rebanho ou manada não se acalmarem, mesmo que espere calmamente, afaste-se do rebanho ou manada.
  6. Não corra e diminua o ritmo se estiver a caminhar. Se circular de bicicleta, desça desta e leve-a à mão.
  7. É fortemente desaconselhado ir acompanhado por cães de companhia, mas se se encontrar acidentalmente com o seu cão de companhia perto ou no interior de um rebanho ou manada protegido, mantenha-o à trela e calmamente afaste-se, contornando o gado. Se o cão de gado não se acalmar após um breve período, deve voltar para trás.
  8. Nunca tente atravessar um rebanho ou manada protegido com o seu cão de companhia. Contorne o gado o mais distante possível. Em caso de receio, volte para trás.

Tenha em mente que as reações impensadas, especialmente forçando a passagem mais perto ou através do rebanho ou manada, apesar das advertências claras dos cães de proteção do gado, podem, na pior das hipóteses, levar o cão a morder.

Em caso de dúvida, contorne o rebanho ou recue.

Os símbolos acima que ilustram as normas básicas de conduta, foram gentilmente cedidos pela AGRIDEA – Associação Suíça para o Desenvolvimento da Agricultura e das Áreas Rurais

 

 

Prémios & Distinções

Prémio "Terre de Femmes"

O trabalho desenvolvido pela bióloga Silvia Ribeiro, no âmbito do Programa Cão de Gado, foi reconhecido com a atribuição do 2º lugar no Prémio Terre de Femmes 2011.

Um justo reconhecimento ao empenho que tem demonstrado desde 1996 e ao sucesso do referido Programa, que até à data permitiu entregar mais de 250 cães, em rebanhos no Norte e Centro de Portugal, e tem contribuído para demonstrar que a coexistência com o lobo é possível.

O Prémio Terre de Femmes é organizado em 15 países, incluindo Portugal, homenageando as mulheres eco-cidadãs na Europa. Proposto pela Fundação Yves Rocher o Prémio Terre de Femmes tem como principal objetivo premiar mulheres empreendedoras na área do ambiente e que tenham desenvolvido projetos que contribuam para a sustentabilidade ambiental.

Cartaz

https://www.dn.pt/gente/interior/nao-e-facil-ver-um-lobo-1804287.html


Prémio BES Biodiversidade

Em 2010, o trabalho desenvolvido há 25 anos pelo Grupo Lobo em prol da conservação do lobo-ibérico em Portugal, nomeadamente através do Programa Cão de Gado, foi reconhecido com a atribuição do Prémio BES Biodiversidade, que distinguiu o projeto: Conservar o lobo em Portugal: da teoria à prática.

O apoio obtido permitiu manter algumas medidas práticas de conservação do lobo, para além do referido Programa, como seja o desenvolvimento de um Pacote Pedagógico sobre o lobo, a ser disponibilizado às escolas, e a continuação das ações de monitorização do lobo na região Centro do país, onde a população lupina se encontra particularmente ameaçada.

 BES Biod

https://expresso.pt/dossies/dossiest_actualidade/dos_futuro_sustentavel_2010/conservacao-do-lobo-iberico-ganha-premio=f579737

https://www.publico.pt/2010/06/30/ciencia/noticia/projecto-de-conservacao-do-lobo-iberico-deu-220-caes-a-pastores-para-reduzir-prejuizos-1444621

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/projeto-de-conservacao-do-lobo-iberico-vence-premio-bes-biodiversidade-2010_n342379

Cão de gado

  • Os cães de gado têm sido utilizados pelos pastores durante centenas de anos e fazem parte do sistema tradicional de pastoreio utilizado em Portugal e noutros países do Mediterrâneo e da Ásia. Como método de proteção, o cão de gado destaca-se pela sua ancestralidade e capacidade de adaptação às diferentes situações de pastoreio e de maneio tradicional do gado, sendo um método de utilização generalizada.

    Por toda a Europa mediterrânica, onde a produção pecuária adquiriu uma grande importância económica, podiam encontrar-se cães de gado acompanhando os rebanhos durante o percurso diário de pastoreio ou durante as migrações transumantes de verão, em busca de melhores pastos. Estas migrações sazonais, que podiam atingir centenas de quilómetros e durar vários meses, implicavam a movimentação de milhares de animais ao longo de rotas estabelecidas que cruzavam os países de Norte a Sul, chegando a atravessar fronteiras.

    Os cães de gado possuem uma morfologia e comportamento característicos que os tornam muito eficientes na proteção dos animais domésticos dos ataques dos predadores. Estas características resultaram de uma seleção baseada no comportamento, efetuada pelo homem ao longo de milhares de anos.

    TRANSUMANCIA1

    TRANSUMANCIA2
  • Os cães de gado são provavelmente o tipo de cães mais numerosos e deverão estar entre os primeiros cães de trabalho selecionados pelo homem (Coppinger & Coppinger, 2001). A grande maioria dos vestígios arqueológicos de cães tem sido encontrada no Médio Oriente, onde ocorreu a domesticação de todas as principais espécies de gado, e estão frequentemente associados a comunidades humanas agrícolas (Clutton-Brock, 1999). Estes cães terão posteriormente acompanhado as migrações humanas, espalhando-se por toda a Europa (Coppinger & Coppinger, 2001).

  • Os cães de gado trabalham independentemente do pastor, acompanhando o gado nas suas deslocações e mantendo-se permanentemente na sua proximidade, mas sem perturbar a sua atividade.

    FUNCAO

    Ao contrário do cão de gado, o cão de condução ou cão de virar ou cão pastor, como também é conhecido, obedece às ordens do pastor, que ajuda a reagrupar e conduzir o gado de um local para outro, perseguindo ou ladrando aos animais. Os cães de condução trabalham de acordo com as indicações do pastor não sendo, geralmente, deixados sozinhos com o gado. São geralmente cães de pequeno a médio porte e, portanto, muito ágeis. Os dois tipos de cães têm funções muito diferentes e podem ser utilizados em conjunto no mesmo rebanho.

    SERRAAIRES

    Em virtude do desinteresse pela pastorícia, durante as últimas décadas assistiu-se à diminuição da utilização dos cães de gado, o que levou à quase extinção de muitas das raças. Mais recentemente, verificou-se um aumento do interesse pelas raças caninas nacionais que se traduziu numa maior procura destes cães para companhia.

    No entanto, esta situação pode trazer alguns problemas, pois a seleção exercida sobre animais destinados à proteção de rebanhos é diferente da imposta a animais destinados a companhia. Estes são selecionados com base em padrões morfológicos e comportamentais geralmente diferentes dos requeridos para animais de trabalho, havendo o risco de se perderem padrões comportamentais importantes que estiveram na origem das raças de cães de gado (Willis, 1995).

  • A eficiência de um cão de gado está dependente do seu comportamento em adulto, o qual depende da emergência de determinados padrões comportamentais. Estes padrões comportamentais estão dependentes do estabelecimento de relações sociais com os animais do rebanho, que ocorre durante o Período de Socialização.

    Socialização
    Embora o processo de socialização possa ocorrer ao longo da vida do cão, é durante o Período de Socialização que as relações sociais com outros indivíduos (mesmo pertencentes a outras espécies), se estabelecem com maior facilidade. Este período, que decorre sensivelmente entre os 2 e os 4 meses de idade, é o mais importante no desenvolvimento comportamental do cão, uma vez que as experiências às quais o cachorro é sujeito nesta altura terão efeitos duradouros no seu comportamento (Scott & Fuller, 1965; Coppinger & Coppinger, 2001). Estas experiências irão definir as suas preferências sociais e o grupo social com que se vai identificar. É nesta fase que os cães de gado aprendem o comportamento de Atenção e começam a dirigir os padrões comportamentais típicos dos cães (e que normalmente exibiriam para outros cães), para os animais do rebanho (Coppinger & Schneider, 1995). Isto é conseguido ao condicionar o meio social em que os cachorros se desenvolvem, limitando o contacto apenas ao gado.

    COMPORTAMENTO

    Componentes comportamentais
    De acordo com o modelo proposto por Coppinger & Coppinger (1980) para os cães de gado, utilizado em vários estudos sobre o desenvolvimento e a avaliação comportamental destes cães, podem definir-se três componentes comportamentais: i) Atenção; ii) Confiança; e iii) Proteção.

    Atenção – está relacionada com a socialização do cão aos animais do rebanho, implicando o estabelecimento de laços sociais entre ambos. Um cão de gado atento é aquele que se mantém na proximidade do rebanho, acompanhando-o nas suas deslocações.

    Confiança refere-se à ausência de comportamento predatório ou de jogo por parte do cão para com os animais do rebanho. Comportamentos que perturbem a actividade do rebanho ou que levem ao ferimento e/ou morte dos animais devem ser impedidos, sendo os comportamentos mais adequados os de submissão e investigação.

    Proteção – capacidade do cão reagir adequadamente a situações estranhas e de interromper um potencial ataque e deriva dos acima indicados. Pode ser manifestada através de diversos comportamentos, agressivos ou não, que levem o predador a afastar-se do rebanho.

    Das três componentes comportamentais, a Atenção é a que melhor parece traduzir a eficiência de um cão na redução da predação. Este é um comportamento fundamental no sucesso do cão de gado, uma vez que o cão só será eficiente se estiver perto dos animais que deverá proteger (Lorenz & Coppinger, 1986).

    Além disso, existe uma correlação direta entre a Atenção e a redução da predação (Lorenz & Coppinger, 1986). Vários autores referem mesmo que não é necessário que um cão seja agressivo para com os predadores para que seja eficaz na proteção do gado (e.x.: Coppinger et al., 1988; Green & Woodruff, 1993).

    A Atenção é assim uma componente comportamental de grande utilidade, uma vez que é facilmente observável, não sendo necessário observar interações com o predador ou mesmo a ocorrência de ataques ao rebanho para poder efetuar uma avaliação dos cães.

  • Apesar do grande número de raças de cães de gado existentes, estas apresentam uma grande semelhança morfológica entre si. São geralmente cães de grande porte, apresentando cabeças maciças e arredondadas e orelhas placadas (caindo junto à cabeça). A pelagem parece ser o principal fator que permite a distinção das várias raças, podendo ser curta ou longa, e apresentando toda uma gama de cores, podendo variar do branco ao preto, resultado das preferências regionais dos pastores.

    CCL Leao2

    CCL Pomba1
    CCL Pomba2
    CSE Piloto

    CSE Ribeira
    CSE Tejo1

  • Por toda a Europa mediterrânica e Ásia, existem cerca de 30 raças reconhecidas de cães de gado. Esta diversidade resulta de uma seleção baseada, não só na capacidade de adaptação dos animais às características de cada região, mas também nas preferências estéticas regionais.

    Em Portugal estão reconhecidas 4 raças pelo Clube Português de Canicultura: o Cão de Castro Laboreiro, o Cão da Serra da Estrela, nas variadades de pelo curto e de pelo comprido, o Rafeiro do Alentejo e o Cão de Gado Transmontano.

         

    Cão de Castro Laboreiro

    O Cão de Castro Laboreiro tem o seu solar na região de Castro Laboreiro, donde recebeu o nome, entre as serras da Peneda e do Soajo. É uma raça considerada rara, sendo relativamente pouco conhecida. Na sua região de origem é cada vez menos utilizada, em virtude da diminuição dos rebanhos, apesar de continuar a proteger as manadas de gado bovino. É um cão ativo que está sempre alerta e em virtude do seu menor porte demonstra uma grande agilidade.

    Aspeto geral: Cão de perfil tendendo para rectilíneo, lupóide, tipo amastinado.

    Cabeça: Comprida e aproximando-se do tipo rectilíneo.

    Chanfradura nasal (Stop): Pouco acentuada, a maior distância do vértice do crânio do que da ponta do focinho.

    Região crânio-frontal: Regularmente desenvolvida e ligeiramente saliente, sulco frontal quase nulo; perfil aproximando-se do rectilíneo.

    Crista occipital: Pouco pronunciada.

    Orelhas: Regulares (12 cm de comprimento por 12 cm de largura), pouco espessas e de forma aproximadamente triangular, mas arredondadas na ponta; pendentes, de inserção um pouco acima da média, caindo naturalmente, e paralelamente, de um e outro lado da cabeça, como que placadas.

    Cauda: Inteira, de inserção mais alta do que a média; desce até ao curvilhão quando o animal está sossegado; quando excitado a cauda ultrapassa a linha do dorso, em forma de alfange.

    Pelagem: Predomina o pelo curto (5 cm aproximadamente); é vulgar o lobeiro nas suas tonalidades, claro, comum e escuro, vendo-se mais esta última, sendo rara a “cor do monte”.

    Altura ao garrote: De 55 a 60 cm para os machos e de 52 a 57 cm para as fêmeas.

    Informação retirada do Estalão da Raça, segundo o Clube Português de Canicultura.

    Estalão n.º 170 da F.C.I.

    A F.C.I. - Federação Cinológica Internacional, é a entidade que coordena a canicultura a nível internacional e centraliza os estalões das raças elaborados a nível nacional pelas Sociedades Caninas centrais de cada país.

    Ligações
    Clube Português de Canicultura
    Clube do Cão de Castro Laboreiro


    Cão da Serra da Estrela

    O Cão da Serra da Estrela é originário da Serra da Estrela, onde protegia os rebanhos de ovinos, que acompanhava durante a transumância. Devido à grande popularidade da variedade de pelo comprido, é a raça portuguesa com maior número de animais registados. Existe uma outra variedade de pelo curto, mais rara e menos conhecida. Devido à grande diminuição do número de rebanhos na sua região de origem, é atualmente mais utilizado na guarda de quintas e habitações. Também foi utilizado como animal de tração.

    Aspeto geral: Cão de perfil convexilíneo, molossóide, tipo mastim.

    Cabeça: Forte, volumosa, de maxilas bem desenvolvidas; alongada e ligeiramente convexa; proporcionada ao corpo, bem como o crânio em relação à face.

    Chanfradura nasal (Stop): Pouco pronunciada e a uma distância igual da ponta do focinho e do vértice do crânio.

    Região crânio-frontal: Bem desenvolvida, arredondada e de perfil convexo.

    Crista occipital: Apagada.

    Orelhas: Pequenas, em relação ao conjunto (11 cm de comprimento por 10 cm de largura); delgadas, triangulares, arredondadas na ponta; pendentes; de média inserção; inclinadas para trás; caindo lateralmente, encostadas à cabeça e deixando ver, na base, um pouco da face interna.

    Cauda: Inteira e grossa, de inserção média; porte baixo da horizontal, chega à ponta do curvilhão, quando o animal está tranquilo; em cimitarra, forma gancho na ponta; excitado o animal e em movimento, a cauda ultrapassa a horizontal, encurvando-se sobre o dorso; franjada nos cães de pêlo comprido.

    Pelagem: Existem duas variedades, a de pelo curto e a de pelo comprido, sendo atualmente mais frequente a última; só são admitidas as pelagens fulva, lobeira e amarela, unicolores ou com malhas brancas na parte inferior do focinho, do pescoço e peito, no peitoral, nas mãos e nos pés.

    Altura ao garrote: De 68 a 75 cm para os machos e de 62 a 68 cm para as fêmeas.

    Peso: Machos 45 a 60 Kg e fêmeas 35 a 45 Kg.

    Informação retirada do Estalão da Raça, segundo o Clube Português de Canicultura.

    Estalão n.º 173 da F.C.I.

    A F.C.I. - Federação Cinológica Internacional, é a entidade que coordena a canicultura a nível internacional e centraliza os estalões das raças elaborados a nível nacional pelas Sociedades Caninas centrais de cada país.

    Ligações
    Clube Português de Canicultura
    Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela
    Associação de Criadores do Rafeiro do Alentejo

         

    Rafeiro do Alentejo

    O Rafeiro do Alentejo tem o seu solar nas vastas planícies Alentejanas. Tradicionalmente acompanhava e protegia os rebanhos de ovinos nas longas rotas da transumância. Com o fim da transumância e o desaparecimento do lobo na região, começaram a ser cada vez mais utilizados na guarda das grandes herdades e quintas. É um cão corpulento também utilizado em matilhas de caça grossa.

    Aspeto geral: Cão corpulento de perfil convexilíneo, molossóide, tipo mastim.

    Cabeça: Lembra a cabeça de um urso; mais larga na extremidade do crânio, menos larga e abaulada na base; proporcionada à corpulência.

    Chanfradura nasal (Stop): Esbatida; os eixos longitudinais superiores crânio-faciais são divergentes.

    Região crânio-frontal: Bem desenvolvida, arredondada e de perfil convexo.

    Crista occipital: Apagada.

    Orelhas: Pequenas a médias; triangulares; pendentes para o lado; de média inserção; dobradas na ponta.

    Cauda: Inteira e grossa, de inserção média; encurvada, voltada na ponta, mas não quebrada; quando em repouso cai abaixo dos curvilhões; quando em ação pode enrolar acima do dorso.

    Pelagem: Pelo curto ou meio comprido; são admitidas as pelagens preta, lobeira, fulva e amarela, unicolores ou com malhas brancas ou branca malhada daquelas cores.

    Altura ao garrote: De 66 a 74 cm para os machos e de 64 a 70 cm para as fêmeas.

    Peso: Machos 40 a 50 Kg e fêmeas 35 a 45 Kg.

    Informação retirada do Estalão da Raça, segundo o Clube Português de Canicultura.

    Estalão nº 96 da F.C.I.

    A F.C.I. - Federação Cinológica Internacional, é a entidade que coordena a canicultura a nível internacional e centraliza os estalões das raças elaborados a nível nacional pelas Sociedades Caninas centrais de cada país.

    Ligações
    Clube Português de Canicultura
    Associação de Criadores do Rafeiro do Alentejo

     

    Cão de Gado Transmontano

    O Cão de Gado Transmontano é originário do Nordeste Transmontano, uma região planáltica, cortada por vales e serras. Ainda é muito utilizado para a proteção do gado, principalmente o ovino. É uma raça muito recente, os primeiros registos foram feitos em 2004 e o estalão reconhecido definitivamente em 2012. É a maior raça canina nacional.

    Aspeto geral: Cão molossóide de grande tamanho, forte e rústico que se evidencia pelo seu aspeto imponente, porte altivo e olhar sereno. Tem o perfil lateral quadrado, com membros altos, de ossatura forte, naturalmente direitos e bem aprumados, ventre ligeiramente arregaçado e angulações posteriores moderadas.

    Cabeça: Grande e maciça, mas não demasiado volumosa em proporção ao tamanho do corpo, tem perfil convexilíneo com eixos craniofaciais paralelos tolerando-se os ligeiramente divergentes.
    Crânio: Moderadamente largo e pouco abaulado nos eixos. Arcadas supraciliares aparentes.
    Stop: Depressão nasofrontal moderada.

    Orelhas: São de tamanho médio, bastante carnudas, ligeiramente mais compridas do que largas, triangulares, com a ponta em bico arredondado e de inserção média-alta (acima da linha dos olhos). Têm mobilidade de porte, sendo o mais comum o pendente, podendo repuxar ligeiramente e preguear na vertical. Quando em atenção, levantam e dobram para a frente.

    Cauda: Inteira e grossa, bem coberta de pelo, de inserção e tamanho médios, não ultrapassa o jarrete. Tomba em sabre, mas podendo apresentar curva na extremidade, em movimento o porte da cauda é alto, em foice, podendo mesmo enrolar na sua extremidade.

    Pelagem: Pelo grosso de comprimento médio, liso e muito denso; as pelagens mais comuns são as brancas malhadas de preto, de amarelo, de fulvo ou lobeiro. As pelagens unicolores são fulvas, amarelas ou lobeiras podendo ser também raiadas.

    Altura ao garrote: De 75 a 85 cm para os machos e de 68 a 78 cm para as fêmeas.

    Peso: Machos 60 a 75 Kg e fêmeas 50 a 60 Kg.

    Informação retirada do Estalão da Raça, segundo o Clube Português de Canicultura.

    Estalão n.º 368 da F.C.I.

    A F.C.I. - Federação Cinológica Internacional, é a entidade que coordena a canicultura a nível internacional e centraliza os estalões das raças elaborados a nível nacional pelas Sociedades Caninas centrais de cada país.

    Ligações
    Clube Português de Canicultura
    Associação de Criadores do Cão de Gado Transmontano

         

    Raças estrangeiras

    Existem diferentes raças de cães de gado em vários países Mediterrânicos e da Ásia, entre as quais podemos destacar algumas.

    Espanha
    Mastim Espanhol (Mastín Español)
    Mastim dos Pirinéus (Mastín de los Pirineos)

    França
    Cão de Montanha dos Pirinéus (Chien de Montagne des Pirénées)

    Itália
    Cão de Pastor Maremmano- Abruzzese (Cane da Pastore Maremmano-Abruzzese)

    Eslovénia
    Cão de Pastor de Kraski (Kraski Ovcar)

    Hungria
    Komondor
    Kuvasz

    Eslováquia
    Slovensky Cuvac

    Polónia
    Cão de Pastor Polaco Tatra (Polski Owczarek Podhalanski)

    Macedónia, Sérvia e Montenegro
    Cão de Pastor Jugoslavo (Sarplaninac)

    Rússia
    Cão de Pastor da Ásia Central (Sredneasiatskaïa Ovtcharka)
    Cão de Pastor do Cáucaso (Kavkazskaïa Ovtcharka)
    Cão de Pastor da Rússia Meridional (Ioujnorousskaïa Ovtcharka)

    Turquia
    Cão de Pastor da Anatólia (Coban Köpegi)
    Akbash (raça não reconhecida pela FCI)

    Tibete
    Mastim do Tibete (Do-Khyi)

    Marrocos
    Cão Pastor do Atlas (Aidi)

    Ligações
    Clube Português de Canicultura
    Federação Cinológica Internacional

  • A avaliação da eficácia dos cães de gado é geralmente efetuada de acordo com três critérios: i) evolução do número de prejuízos; ii) comportamento do cão de gado; e iii) satisfação do proprietário. Os dados comportamentais são utilizados para complementar a avaliação, uma vez que a evolução anual do número de prejuízos pode ser influenciada por muitos fatores externos à qualidade do cão. A satisfação do proprietário relativamente ao desempenho dos seus cães é também um critério importante para avaliar o sucesso deste método de proteção, uma vez que a sua avaliação pode diferir da realizada pelos técnicos.

    A avaliação dos cães de gado só deve ser efetuada após os cães atingirem a maturidade (18-24 meses de idade), pois antes dessa altura não se deve esperar que o cão comece a defender eficazmente o rebanho.

    Apesar da sua elevada eficácia, a utilização de cães de gado de qualidade pode não impedir totalmente a predação, sendo importante a conjugação com outros métodos de proteção complementares para a obtenção de melhores resultados. Além disso, em determinadas situações, os cães de gado podem não ser o método mais eficaz. A seleção dos métodos a utilizar deve ter em conta a sua adequação às condições existentes, nomeadamente, ao tipo de pastoreio e de pastagem, à espécie e densidade do predador, e ao efetivo e espécie/raça do rebanho.

    Análise dos prejuízos

    Os dados relativos a 40 cães de gado das raças Cão de Castro Laboreiro e Cão da Serra da Estrela de pelo curto, integrados em rebanhos de pequenos ruminantes no Norte e Centro do país, indicam que um ano após a integração dos cães nos rebanhos o número de prejuízos diminuiu em 75% dos casos e manteve-se em 7,5%. Os cães foram sempre considerados responsáveis pela diminuição observada dos prejuízos, que variou de 13 a 100%. Mesmo em casos em que o número de prejuízos não se manteve ou aumentou, os cães foram considerados responsáveis por reduzir os prejuízos potenciais (tendo em consideração a predação registada em rebanhos vizinhos) (Ribeiro & Petrucci-Fonseca, 2005).

    Em inquéritos efetuados a 70 criadores de gado que utilizam cães de gado, oriundos de 16 Estados dos Estados Unidos da América e de 2 Províncias do Canadá, 89% dos inquiridos consideraram os seus cães, pertencentes a 5 raças (Komondor, Cão de Montanha dos Pirinéus, Cão de Pastor da Anatólia, Akbash e Cão de Pastor Jugoslavo), como uma mais valia em termos económicos (Green et al., 1984).

    Num inquérito a 119 criadores de gado do Colorado (Estados Unidos da América), os que possuíam cães de gado (maioritariamente pertencentes às raças Akbash, Komondor, Cão de Montanha dos Pirinéus e Cão de Pastor Maremmano-Abruzzese) perderam uma menor proporção de ovelhas e borregos, devido à predação, que os criadores de gado sem cães (Andelt, 1992).

    Noutro inquérito realizado a 217 criadores de gado nos Estados Unidos da América, proprietários de cães de gado adultos ( Cão de Pastor Maremmano-Abruzzese, Cão de Pastor da Anatólia e Cão de Pastor Jugoslavo), 77% referem uma redução no ano após a integração do cão, 43% não registaram qualquer predação ou alteração (Coppinger et al., 1988).

    Ao comparar os dados nacionais com os anteriormente referidos, é preciso ter em consideração que nos Estados Unidos da América o principal predador é o coiote, canídeo mais pequeno que o lobo, que raramente forma grupos maiores que o casal reprodutor. Os ataques dos coiotes são geralmente realizados por um ou dois indivíduos, com porte bastante menor que um cão de gado, o que facilita a proteção dos rebanhos, comparativamente a um ataque realizado quer por um lobo quer por uma alcateia.

    Análise comportamental

    O comportamento dos cães de gado é avaliado, segundo as três componentes já definidas para este tipo de cães: Atenção, Confiança e Proteção. Esta avaliação deverá ser baseada na observação direta dos cães e efetuada por técnicos especializados. No entanto, a avaliação do desempenho dos cães pelos criadores de gado tem sido muito utilizada, particularmente nos Estados Unidos da América.

    Para cada componente comportamental os cães são classificados segundo quatro categorias: Excelente, Bom, Suficiente e Mau.

    Registos comportamentais
    Com base na observação dos cães durante o período de pastoreio e na corte com o rebanho, foi possível avaliar 63 cães adultos, maioritariamente pertencentes às raças Cão de Castro Laboreiro e Cão da Serra da Estrela da variedade de pelo curto. Segundo os resultados obtidos, 92% dos cães demonstraram um comportamento Bom-Excelente na componente de Atenção, 98% na de Confiança e 90% na de Proteção (Ribeiro & Petrucci-Fonseca, 2005).

    Não existem muitos outros dados que resultem do registo centífico do comportamento com base na observação dos cães durante o pastoreio dos rebanhos. É de salientar um estudo realizado em Itália com 33 cães de gado da raça Cão de Pastor Maremmano-Abruzzese, sobre o comportamento de Atenção. Neste estudo, apenas cerca de 50% dos cães observados demonstraram ter uma Atenção Boa-Excelente (Coppinger et al., 1983).

    Inquéritos aos donos
    Em termos de desempenho, dos 40 animais adultos das raças Cão de Castro Laboreiro e Cão da Serra da Estrela de pelo curto, avaliados pelos proprietários, 90% foram considerados Bons-Excelentes e nenhum foi considerado Mau. Relativamente às componentes comportamentais, 80% dos cães foram considerados Bons-Excelentes em Atenção, 98% em Confiança e 92% em Proteção (Ribeiro & Petrucci-Fonseca, 2005).

    Num inquérito efetuado no Colorado (Estados Unidos da América), que utilizavam cães de gado (maioritariamente pertencentes às raças Akbash, Komondor, Cão de Montanha dos Pirinéus e Cão de Pastor Maremmano-Abruzzese), 20 de 22 criadores de gado avaliaram o desempenho dos seus cães como Bom-Excelente (Andelt, 1992). Num outro inquérito efetuado em outros 16 Estados e 2 Províncias do Canadá, donos de 137 cães de gado pertencentes a 5 raças (Komondor, Cão de Montanha dos Pirinéus, Cão de Pastor da Anatólia, Akbash e Cão de Pastor Jugoslavo), consideraram 80% dos cães como bons guardiães (Green et al., 1984).

    Num estudo efetuado ao longo de 7 anos, incluindo 100 cães de gado pertencentes às três raças mais utilizadas nos Estados Unidos da América (Cão de Pastor Maremmano-Abruzzese, Cão de Pastor Jugoslavo, Cão de Pastor da Anatólia), e seus cruzamentos, a avaliação da Atenção dos cães efetuada pelos proprietários e considerada como Boa-Excelente, variou de 49 a 80% consoante as raças. Relativamente ao comportamento de Proteção os proprietários consideraram que 74% dos cães eram Bons-Excelentes. No que diz respeito à Confiança, as avaliações variaram desde 40 a quase 90%, consoante as raças, embora a maioria esteja acima de 80% (Coppinger et al., 1988).

    Num estudo sobre o desempenho de cães integrados em rebanhos nos Estados Unidos da América, através de uma avaliação qualitativa, foram utilizados diferentes critérios relacionados com o comportamento e eficiência do cão, bem como com a satisfação do proprietário. Dos 95 cães adultos avaliados (Cão de Montanha dos Pirinéus, Cão de Pastor da Anatólia, Akbash e Kuvasz), 66% dos cães foram classificados como Bons, 14% como Suficientes e 20% como Maus (Green & Woodruff, 1990).

    Satisfação do dono

    Os dados recolhidos junto dos proprietários de 40 cães de gado adultos das raças Cão de Castro Laboreiro e Cão da Serra da Estrela de pelo curto, indicam que mais de 90% dos proprietários estão muito satisfeitos com os seus cães de gado, solicitando outros cães para o rebanho. Apenas um dos criadores de gado que considerou o desempenho do seu cão Suficiente demonstrou desejo em o substituir por um outro, mantendo, contudo, a sua confiança na eficácia destes cães.

Manual de criação

Criar e educar um cão de gado não é complicado, mas devemos ter em atenção alguns pormenores e controlar determinadas situações que podem ser determinantes para que o cão se torne eficiente. Devemos ter em conta o seu desenvolvimento físico e comportamental, as condições em que é criado e os cuidados particulares a ter com este tipo de cães. Estes conhecimentos podem ser úteis para maximizar a eficácia e adaptação do cão de gado aos diferentes sistemas de pastoreio e maneio do gado.

A seguir apresentam-se, sob a forma de perguntas, alguns assuntos considerados importantes para quem pretende integrar um cão de gado num rebanho/manada como forma de proteção dos ataques de predadores.

  1. Qual é o segredo para ter um cão de gado eficiente?
  2. Que cuidados ter na escolha de um cão de gado?
  3. Que raça escolher?
  4. Como educar um cão de gado?
  5. Quais são as características de um bom cão de gado?
  6. Quantos cães de gado são necessários?
  7. Como avaliar a eficácia do cão de gado?
  8. Como corrigir comportamentos inadequados?
  9. Que cuidados ter com o cão de gado?
  10. Quais as responsabilidades do dono do cão de gado?

 

1. Qual é o segredo para ter um cão de gado eficiente?

Para ter um cão de gado eficiente duas coisas são fundamentais: escolher um cão de uma raça adequada e criá-lo corretamente. Ao escolher um cão de uma raça adequada estamos a aumentar a probabilidade do cão vir a demonstrar os comportamentos adequados. São esses comportamentos particulares que lhe permitem criar laços sociais com os animais do rebanho e protegê-los eficazmente – o cão protege o rebanho porque o considera a sua família. Porém, para que os cães demonstrem esses comportamentos é necessário habituá-los desde muito cedo aos animais que deverão proteger quando forem adultos.

Criar um cão de gado requer tempo e dedicação, até que ele esteja pronto a proteger o gado. Tal como os outros animais, os cães não atuam de forma automática, o seu comportamento é variável pelo que alguns cães podem ser melhores que outros.

NINHADA

INTEGRACAO1

 

2. Que cuidados ter na escolha de um cão de gado?

Para aumentar a probabilidade de ter um bom cão é importante escolher bem os progenitores. Estes devem ser, idealmente, cães utilizados na proteção do gado para se poder avaliar a sua eficiência. Devem ser saudáveis, bem conformados e não ter defeitos hereditários, tais como displasia da anca ou má inserção dos incisivos (prognatismo). Ao selecionar o cachorro deve também ter a certeza de que ele é saudável e bem constituído. O cachorro não deve ser nem muito ativo nem muito tímido, mas parecer confiante e alerta.

Escolher um macho ou uma fêmea
Não parece existir diferença entre a eficiência de um cão e de uma cadela. No caso de necessitar de mais de um cão no rebanho deverá escolher um casal de cães não aparentados.

Onde obter um cão de gado
A melhor forma de adquirir um bom cão é contactar um criador de gado que possua bons cães de gado e que tenha experiência na sua criação. Ele poderá vender-lhe cachorros filhos dos seus cães. Se não conhecer nenhum criador ou se quiser saber mais sobre estes cães pode contactar o Grupo Lobo, os técnicos das Áreas Protegidas responsáveis pelo pagamento das indemnizações devidas pelos prejuízos causados pelo lobo, os Clubes das Raças de Cães ou as Associações de Criadores de Gado.

 

3. Que raça escolher?

A seleção continuada pelos pastores, ao longo de centenas de anos, dos cães que melhor protegiam os rebanhos deu origem a um tipo de cão com características comportamentais e morfológicas particulares. Regionalmente esta seleção resultou no surgimento de diferentes raças. Em Portugal existem 4 raças de Cães de Gado: o Cão de Castro Laboreiro, o Cão da Serra da Estrela, nas variedades de pelo comprido e de pelo curto, o Rafeiro do Alentejo e o Cão de Gado Transmontano.

Em termos gerais não existem diferenças significativas entre o sucesso das diferentes raças, apesar de haver diferenças comportamentais entre elas. No entanto, algumas raças podem ser mais adequadas a determinadas condições – a um tipo de gado e a certas características das pastagens e do clima. A eficácia também parece variar entre os cães de uma mesma raça e algumas linhagens podem ser melhores que outras. Assim, deve ter cuidado na seleção da raça e dos progenitores dos cachorros que pretende adquirir.

 

4. Como educar um cão de gado?

Integração no gado
Logo após o desmame (2 meses de idade) o cachorro deve ser colocado com o gado e permanecer sempre com ele, evitando todo o contacto desnecessário com pessoas (especialmente crianças) ou outros cães. O cão deve ser mantido juntamente com o gado, num curral de onde não possa fugir. No curral do gado deve ser preparado um pequeno compartimento para onde o cão se pode retirar sempre que o gado for mais agressivo. Este compartimento deve ser feito para que o cachorro possa entrar e sair livremente, mas o gado não. No interior deve ser colocada a gamela com a comida do cão. A água deve estar numa zona comum para promover o contacto entre o cachorro e o gado. Após um período de habituação ao gado (nunca inferior a 15 dias), o cachorro pode começar a acompanhar o gado durante o pastoreio. É este o segredo para que o cão acompanhe o gado nas suas deslocações e que esteja sempre presente se algum predador tentar atacar o rebanho. Em regiões onde a pressão dos predadores é grande, o cão só deverá começar a acompanhar o gado depois dos 6-8 meses de idade, quando já tem mais capacidade para se defender.

INTEGRACAO2

CAO CRIANCA

CACHORRO REFUGIO

INTEGRACAO3

Desenvolvimento do cão
Durante o crescimento o cão passa por diferentes fases. Um cão jovem, 5-10 meses de idade, pode demonstrar um comportamento muito brincalhão e imaturo e poderá cometer alguns erros. Enquanto brinca o cão pode perseguir o gado, puxar a lã ou mordiscar as orelhas dos cordeiros ou cabritos. Este comportamento não é desejável e deve ser corrigido para que não se torne num problema sério. No entanto, alguma brincadeira mais ligeira pode ser tolerada pois trata-se de um comportamento social que pode reforçar a ligação ao gado. Não se pode esperar que um cão juvenil atue como um cão adulto, que é mais confiante e tem mais experiência. Um Cão de Gado só atinge a maturidade com ano e meio, dois anos de idade, e só nessa altura se pode saber com certeza se é ou não um guardião eficaz. No entanto, um bom cão geralmente demonstra mais cedo o seu potencial.

CAO CABRITO

CAO PERSEGUIR

CAO MORDER

Contacto humano
O nível de contacto com pessoas depende do comportamento do cão. Para cachorros tímidos deve aumentar-se o contacto com as pessoas. No entanto, devemos ter presente que contacto humano em excesso irá diminuir a ligação do cão ao gado, fazendo com que abandone o gado em busca da companhia das pessoas. Por outro lado, muito pouco contacto humano pode fazer com que o cão se torne tímido ou com medo das pessoas. Estes cães são mais difíceis de manusear, nomeadamente durante um exame físico, e mais difíceis de controlar no rebanho. Podem também tornar-se mais agressivos com pessoas estranhas.

CAOPASTOR

Treino de obediência
Qualquer treino de obediência excessivo ou desnecessário pode comprometer a eficácia do cão uma vez que irá aumentar a ligação com as pessoas em detrimento da ligação com o gado. No entanto, é importante que o cão perceba a ordem “Não” e que pare o que estava a fazer quando a ordem é dada. Deve vir ao dono quando é chamado pelo nome, para que seja fácil de agarrar sempre que for necessário. Também é útil que esteja habituado a andar à trela, nomeadamente quando é necessário transportá-lo ao veterinário ou ficar acorrentado durante alguns tratamentos.

Cuidados a ter em pastagens vedadas
Os cães que são mantidos com rebanhos em pastagens vedadas devem ser visitados diariamente para verificar se o cão se está a portar corretamente e se permanece com o gado. Nestas visitas deve também verificar-se se o cão se está a desenvolver bem ou se não está doente. No caso de ser necessário alimentar o cão na pastagem pode utilizar-se um comedouro automático para colocar a ração. Este deve ser mantido longe do alcance do gado, se necessário construir uma barreira à sua volta, para evitar que o gado coma a ração. Também se deve colocar algum tipo de abrigo para os cães na pastagem. Isto pode ser importante porque alguns cães consideram este abrigo e a área envolvente como o seu território.

CAO VEDACAO

 

5. Quais são as características de um bom cão de gado?

Interações com o gado
O cão de gado exibe comportamentos sociais para com o gado (comportamentos de submissão e de investigação, lambendo ou cheirando a cabeça ou região anal) e não demonstra comportamentos predatórios. No entanto, alguns cães adultos podem proteger a sua comida ou reagir a comportamentos de agressividade do gado ladrando-lhe ou, menos frequentemente, mordendo-o levemente. Diferentes raças de gado comportam-se de maneira diferente para com os cães e, por isso, é importante que também o gado esteja habituado à presença do cão para que não seja agressivo ou tenha medo do cão, fugindo dele e dificultando o seu trabalho. A introdução de novos animais no rebanho pode provocar uma reação de agressividade do cão para com os animais desconhecidos. No entanto, simples repreensões devem ser suficientes para parar o comportamento do cão até que este se habitue aos novos animais.

CAO SUBMISSO

CAO INTERACCAO

Proteção do gado
O cão de gado investiga qualquer situação estranha ou intrusos que se aproximem, ladrando para alertar o pastor e confronta e persegue os intrusos para longe do rebanho. A mera presença de cães de gado num rebanho pode ser suficiente para manter os predadores afastados, pelo que os cães podem ser eficientes mesmo sem confrontarem os predadores.

ALERTA

ALERTA2

Primeiros encontros com predadores
Um cão pouco experiente pode reagir com insegurança ou mesmo medo no seu primeiro encontro com um predador, mas nos encontros seguintes, geralmente, irá perseguir os predadores para longe do rebanho. A experiência é necessária para que qualquer cão seja bem sucedido. Alguns cães podem ser menos eficazes a proteger o gado em caso de ataques provocados por outros cães.

 

6. Quantos cães de gado são necessários?

O número de cães necessários para proteger eficazmente um rebanho depende de vários fatores: tipo e número de animais no rebanho; tipo e densidade dos predadores; intensidade da predação; localização e características das pastagens; e sistema de produção utilizado. Pastagens mais planas e abertas requerem menos cães que áreas mais acidentadas ou com vegetação mais densa. Rebanhos maiores ou que se dispersem mais também necessitam de mais cães. Para um rebanho de dimensão média (cerca de 150-200 animais) é conveniente ter 2 ou mais cães, pois em grupo tornam-se mais confiantes e geralmente têm uma atuação complementar, sendo por isso mais eficazes. Deve começar-se com um cão e introduzir outro apenas quando o primeiro já estiver bem estabelecido, podendo assim servir de modelo para o cão mais novo. Criar vários cachorros ao mesmo tempo pode promover comportamentos de grupo (brincar, perseguir) que podem causar ferimentos no gado. Ter muitos cães adultos pode também ser um problema uma vez que pode levar alguns cães a vadiar, afastando-se do rebanho, ou encorajar comportamentos de grupo não desejáveis, tais como maior agressividade para com pessoas que se aproximem do rebanho.

QUANTOSCAES

 

7. Como avaliar a eficácia do cão de gado?

A eficácia dos cães de gado é tradicionalmente avaliada através da comparação entre o número de prejuízos antes e depois da sua integração no rebanho. No entanto, este método nem sempre é suficiente para traduzir a real eficiência dos cães, devido aos inúmeros fatores que podem influenciar a predação (e.x.: densidade de predadores, disponibilidade de presas alternativas, práticas de maneio do gado). Assim, para além da análise dos prejuízos é importante dispôr de outros métodos que permitam avaliar o desempenho do cão e que forneçam informação adicional, menos dependente das variáveis ambientais. Um destes métodos é a avaliação comportamental dos cães de gado segundo o modelo proposto por Coppinger & Coppinger (1980) que define três componentes para este tipo de cães: Atenção, Confiança e Proteção.

Também a satisfação do proprietário e a sua avaliação do desempenho dos cães é de grande importância para determinar o real sucesso da medida proposta.

Um dos aspetos a ter em consideração na avaliação dos cães de gado é que estes cães, apesar de poderem alcançar a dimensão de um adulto e atingir a maturidade sexual em menos de 1 ano de idade, apenas atingirem a maturidade psicológica ao 1,5-2 anos de idade. Antes dessa altura não se deve esperar que um cão comece a defender eficazmente o rebanho, uma vez que o seu comportamento ainda é essencialmente juvenil. Assim a avaliação apenas deverá ser efetuada após os cães terem atingido essa idade.

Para mais informações consultar o relatório Procedures for LGD Selection, Integration, Monitoring and Evaluation (Brevemente disponível).

 

8. Como corrigir comportamentos inadequados?

É difícil generalizar como cada cão irá reagir a uma nova experiência. Cada situação deve ser avaliada pelo dono e resolvida de forma adequada. No entanto, deve agir-se imediatamente para evitar que os comportamentos inadequados sejam reforçados e se tornem mais difíceis de corrigir. Em muitos casos é suficiente gritar o nome do cão ou a palavra “Não” ou atirar alguma coisa na direção do cão (tendo cuidado para não o atingir) para o distrair do que ele estava a fazer e parar o comportamento. Noutros casos pode implicar pequenas adaptações à forma como o cão está a ser criado. Deve-se ter em atenção que mesmo cães que se portaram bem anteriormente podem por vezes cometer erros em situações semelhantes.

Brincadeira excessiva
Quando um cachorro persegue excessivamente ou é agressivo com o gado é importante agir imediatamente para corrigir o comportamento. Agarrar e abanar o cachorro pelo cachaço gritando “Não” pode ser uma correção eficaz. Para controlar a brincadeira excessiva pode colocar o cachorro com os animais adultos do rebanho que são menos tolerantes às brincadeiras do cão. Outra alternativa é separar o cão temporariamente do rebanho num compartimento junto do gado. Para confirmar que o comportamento parou deve colocar o cão com o gado, mas sob supervisão.

Primeira época de parição do gado
A curiosidade e o comportamento infantil típicos dos cachorros ou cães jovens podem ser prejudiciais para os cordeiros ou cabritos recém-nascidos, pelo que é preciso ter uma atenção especial nesta altura. Se surgirem problemas o cão deve ser separado durante a época de parição e mantido com animais que não estão a parir.

Perseguição a espécies de caça
Alguns cães podem perseguir espécies de caça (coelhos, perdizes, javalis). Este comportamento deve ser desencorajado se a perseguição continuar durante uma grande distância uma vez que é ilegal e afasta o cão do rebanho que deve proteger. O cão deve ser corrigido e chamado ou trazido de volta para o rebanho.

Agressão a gado e pessoas estranhos
Alguns cães podem perseguir ou ser mais agressivos para gado estranho ou pessoas que se aproximam do rebanho. Este comportamento deve ser corrigido imediatamente, chamando o cão ou interrompendo o seu comportamento e se necessário repreender o cão. Em situações que podem conduzir a este comportamento, como atravessar uma localidade, os cães podem ser mantidos perto do pastor, presos numa trela ou mesmo açaimados.

Deixar o rebanho e vadiar
Se a socialização com o gado foi bem feita o cão irá preferir ficar perto do rebanho. Na pastagem o cão pode explorar a área envolvente, mas deve regressar para o rebanho passado pouco tempo. Se não regressar deve ser chamado ou trazido de volta e encorajado a permanecer com o rebanho. Também pode ser “perseguido” de volta para o rebanho sempre que se afasta muito. Uma ordem apropriada (“Fica” ou “Para o Gado”) pode ser dada sempre que o cão deve ficar na pastagem ou quando está a ser mandado para o rebanho. Este procedimento deve ser repetido quantas vezes forem necessárias. Se tal não funcionar o cão pode ser acorrentado numa área da pastagem perto do rebanho (com água e comida) durante alguns períodos, até se habituar a permanecer com o rebanho. Em alguns casos esterilizar o cão pode ser uma solução porque pode reduzir o comportamento de vadiagem nos machos e nas fêmeas. A esterilização não altera significativamente a eficácia dos cães.

 

9. Que cuidados ter com o cão de gado?

Comprar e criar um cão de gado é um investimento significativo de tempo e de dinheiro pelo que é importante cuidar do seu bem-estar. Os cães de gado estão sujeitos a um grande número de perigos que podem causar a sua morte prematura, principalmente nos primeiros anos de vida. As principais causas de morte, como as doenças e os acidentes, podem ser facilmente evitadas.

Saúde
Para reduzir o risco de doenças o dono deve manter atualizados os programas de vacinação e de desparasitação do cão e fornecer-lhe todos os cuidados veterinários necessários, recorrendo para isso a um médico veterinário com experiência. Deve examinar o cão frequentemente à procura de cortes ou abcessos e verificar se não existem objetos estranhos ou infeções na boca, nariz ou ouvidos. Deve também estar alerta a qualquer alteração do comportamento do cão, dos seus hábitos alimentares ou qualquer dificuldade para se movimentar, investigando imediatamente o que se passa. Não deve deixar o cão comer os restos de animais mortos ou placentas pois podem transmitir-lhe doenças.

VACINACAO

Alimentação
Os cães de gado gastam uma grande quantidade de energia e por isso é importante que tenham à sua disposição alimento adequado e água limpa para poderem trabalhar corretamente. A alimentação deve ser equilibrada para que o cão se desenvolva corretamente. As necessidades nutritivas de um cão são muito diferentes das nossas e variam em função da idade, do tamanho do cão, do estado de saúde, do estado fisiológico ou do grau de atividade. É importante que um cachorro tenha uma alimentação equilibrada e ajustada ao seu crescimento, pois ele vai crescer tanto no primeiro ano de vida como os humanos em 14 anos. Cadelas a amamentar ou cães que fazem muito exercício devem ter uma alimentação rica em proteínas e energia. Qualquer que seja o tipo de alimento é fundamental que o cão tenha sempre disponível água limpa e fresca.

RACAO

AGUA

Vantagens da ração
É muito difícil conseguir um equilíbrio correto entre os constituintes básicos da alimentação. Uma boa ração comercial contém todas as qualidades nutricionais que o cão necessita, sendo mais prática e higiénica, além de facilitar o controlo da quantidade certa de alimento. Como a ração tem pouca humidade o cão precisa de mais água que o normal.

Segurança
Deve manter o cão afastado das estradas ou controlá-lo quando tem de as atravessar e estar alerta à presença de venenos ou laços. Deve alertar os seus vizinhos e os caçadores para a presença do cão, o qual deve estar devidamente identificado com uma coleira.    

Para mais informações consultar o folheto Cuidados Básicos de Saúde e Reprodução do Cão de Gado.

 

10. Quais as responsabilidades do dono do cão de gado?

Segundo a lei os donos são responsáveis pela identificação, pelo registo e pelo licenciamento dos seus cães, bem como por todos os danos que estes causem. Assim é importante estar informado e legalizar os seus cães para evitar futuros problemas.

Identificação
Todos os cães devem estar obrigatoriamente identificados com uma coleira onde devem estar colocados o nome, a morada e o número de telefone do dono (Decreto-Lei nº. 314/2003). No entanto, nos cães de gado estas coleiras podem perder-se facilmente e por isso é aconselhável que os cães também estejam identificados eletronicamente. Esta identificação é já obrigatória por lei para alguns tipos de cães, como os cães de caça ou os cães perigosos ou potencialmente perigosos, desde o dia 1 de Julho de 2004, e será obrigatória para todos os cães, incluindo os cães de gado, nascidos após o dia 1 de julho de 2008 (Decreto-Lei n.º 313/2003).

A identificação eletrónica é feita através da introdução, pelo médico veterinário, de um microchip sob a pele do lado esquerdo do pescoço do cão, através de uma simples injeção com uma agulha específica. O microchip é um sofisticado circuito eletrónico, do tamanho de um grão de arroz, onde está gravado um número de código único para cada cão, que permanecerá com ele para toda a vida e que se deteta com um leitor específico que se aproxima da pele. Deve ser colocado entre os 3 e os 6 meses de idade (com as primeiras vacinas), sendo facilmente aceite pelo organismo. É um método seguro e útil que permite a identificação permanente do cão e a confirmação do proprietário em caso de perda ou roubo, ao contrário do que acontece quando o animal está identificado apenas com a coleira, que, como foi dito, pode ser facilmente perdida ou retirada. Após a colocação do microchip os dados do cão e do proprietário são enviados pelo médico veterinário para uma base de dados nacional, o Sistema de Identificação de Caninos e Felinos (SICAFE), que reúne a identificação de todos os animais. O médico veterinário deverá preencher uma ficha de registo, em triplicado, e colar etiquetas com o número de identificação do animal em cada uma das fichas e ainda no Boletim Sanitário do cão. O original e o duplicado da ficha de registo são entregues ao dono do cão, ficando o triplicado para o médico veterinário. O duplicado deverá depois ser entregue na Junta de Freguesia da área de residência do dono quando proceder ao registo do cão.

Vacinação contra a raiva
A raiva é uma zoonose, ou seja, uma doença que pode ser transmitida ao ser humano através do contacto com canídeos, como os cães, sendo causada por um vírus muito contagioso e mortal. Devido à sua elevada perigosidade para o ser humano, a vacina anti-rábica é a única vacinação obrigatória por lei. Os cães de gado devem ser vacinados contra a raiva a partir dos 3 meses de idade durante as campanhas anuais de vacinação anti-rábica, anunciadas em edital público divulgado pelas Juntas de Freguesia (Portaria n.º 81/2002).

Registo e licenciamento
O registo e licenciamento são obrigatórios por lei (Portaria n.º 421/2004) para todos os cães entre os 3 e os 6 meses de idade e deverão ser feitos na Junta de Freguesia da área de residência do dono do cão.

A licença deve ser efetuada aquando do registo do cão e renovada anualmente. Para licenciar o cão é necessário apresentar o Boletim de Vacinas onde deve constar o comprovativo de vacinação contra a raiva, única vacina obrigatória e (para os cães nascidos a partir de 1 de julho de 2008) entregar o duplicado da ficha de registo referente à identificação eletrónica do cão.

Os cães de gado deverão ser registados na categoria B Cães com fins económicos, sendo necessário assinar uma declaração dos bens que o cão guarda, como sejam: rebanho de cabras ou ovelhas. O comprovativo do licenciamento deve ser feito no Boletim de Vacinas mediante uma vinheta ou carimbo da Junta de Freguesia na folha existente para o efeito.

O dono fica ainda obrigado a comunicar à Junta de Freguesia a morte ou desaparecimento do cão, para se cancelar o registo, e ainda se ocorrer transferência de proprietário.

Responsabilidade civil
De acordo com a lei os proprietários são responsáveis por todos os prejuízos causados pelos seus cães. Estes prejuízos podem por vezes ser elevados (e.x.: danos em viaturas ou ferimentos noutros cães) pelo que é aconselhável efetuar um Seguro de Responsabilidade Civil. Algumas seguradoras têm este tipo de seguros para animais, que requerem apenas o pagamento de uma pequena quantia anual.

Conservação do lobo

Um dos fatores que mais contribui para a existência de conflitos entre as comunidades rurais e a presença do lobo, são os prejuízos que estes causam nos rebanhos. Em Portugal, esta situação é particularmente evidente, em virtude da escassez das presas naturais do lobo, os cervídeos silvestres. Como resultado, este predador alimenta-se quase exclusivamente de animais domésticos. Esta situação conduz à intolerância face ao lobo e à sua perseguição pelas comunidades rurais, o que colocou esta espécie em perigo de extinção no nosso país.

Em virtude desta ameaça, foi elaborada uma lei específica para este predador, a Lei de Protecção do Lobo Ibérico (Lei 90/88 e Dec-Lei 139/90). Como uma das medidas para a conservação deste predador, a lei determina o pagamento de indemnizações aos criadores de gado pelos prejuízos atribuídos ao lobo. Este pagamento é efetuado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, em toda a área de distribuição do lobo, através das Áreas Protegidas responsáveis pela comprovação das situações de predação após reclamação dos criadores de gado.

No entanto, a referida medida não é suficiente, pois trata-se de uma medida passiva, que não irá contribuir para diminuir a causa dos conflitos. É necessário o desenvolvimento de medidas práticas que contribuam efetivamente para reduzir a predação nos animais domésticos e minimizar os prejuízos económicos resultantes. A aplicação de sistemas de produção e de proteção do gado que sejam compatíveis com a conservação dos predadores ameaçados de extinção é pois uma condição essencial para que a coexistência com o homem seja uma realidade.

Com o reconhecimento da importância da conservação da biodiversidade, torna-se necessário o desenvolvimento de uma produção agrícola e pecuária que tenha em consideração a conservação do meio ambiente. Enquanto a União Europeia subsidia a produção animal em moldes tradicionais e a recuperação das raças autóctones, também apoia o desenvolvimento de estudos e de medidas que permitam a recuperação de espécies ameaçadas, como o lobo.

Como método de proteção o cão de gado destaca-se pela sua utilização generalizada e capacidade de adaptação às diferentes situações de pastoreio e de maneio tradicional do gado. Contudo, a correta utilização destes cães tem vindo a diminuir, o que contribui para o aumento do número de prejuízos.

O desinteresse pelos cães de gado, na sua função original, conduziu também à diminuição do número de exemplares de cada raça, o que está a contribuir para o aumento do grau de consanguinidade e para a diminuição da variabilidade genética das raças, com consequências negativas na viabilidade individual e nas características reprodutoras, como a fertilidade e a fecundidade.

Nas últimas décadas, a utilização dos cães de gado tem sido recuperada, ou introduzida, em vários países por todo o mundo, por constituir uma forma prática e eficaz de diminuir os prejuízos económicos resultantes dos ataques causados pelos predadores, especialmente em regiões onde estes se encontram ameaçados, como é o caso do lobo na maior parte dos países Europeus.

Esta parece ser uma boa solução para reduzir os conflitos que podem resultar entre a produção pecuária e a presença do lobo, aumentando a tolerância para com este último grande predador da nossa fauna e permitindo a sua conservação para as gerações futuras.

Vantagens do cão de gado

A recuperação da utilização do cão de gado apresenta um grande leque de vantagens a diversos níveis, nomeadamente no aumento da produção pecuária, na preservação das raças autóctones, na diminuição dos conflitos com os grandes carnívoros e, consequentemente, na conservação da natureza e manutenção da biodiversidade.

Vantagens para a produção pecuária

  • Reduzir o número de prejuízos (nalguns casos até aos 100%) com o consequente aumento do rendimento económico da exploração;
  • Facilitar o trabalho do pastor, uma vez que o cão alerta para a presença de predadores ou quaisquer situações estranhas, dando-lhe maior segurança;
  • Melhorar a utilização de pastagens que, pela sua localização ou características, apresentam um maior risco de predação;
  • Aumentar a produtividade das explorações de raças autóctones de ovinos e caprinos, maioritariamente adaptadas aos sistemas de pastoreio extensivo tradicional, onde o risco de predação é uma realidade e à qual a utilização dos cães de gado se adapta muito bem.

Vantagens para a conservação das raças autóctones

  • Contribuir para a conservação das raças autóctones de ovinos e caprinos, importante património genético, através do aumento da produtividade das explorações;
  • Contribuir para a recuperação das raças nacionais de cães de gado, muitas delas em perigo, aumentando o número de exemplares de qualidade;
  • Promover a utilização funcional das nossas raças de cães de gado, maioritariamente utilizadas como animais de guarda e companhia, evitando a perda de características comportamentais típicas das raças e que fundamentaram a sua seleção original.

Vantagens para a conservação da natureza

  • Aumentar a tolerância do homem, particularmente dos criadores de gado, para a presença dos grandes predadores, nomeadamente do lobo-ibérico em Portugal;
  • Diminuir a perseguição efetuada pelo homem ao lobo-ibérico, e que constitui uma das principais causas de mortalidade deste predador no nosso país;
  • Facilitar a implementação de medidas de conservação do lobo-ibérico, ameaçado de extinção em Portugal, permitindo a sua recuperação e manutenção para as gerações futuras;
  • Contribuir para a manutenção da biodiversidade.

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